É, Maria Izabel...A praia estava deserta, mas o campo não. Sem esteira, mas de chapéu, lá estava você na Vila mais verde do mundo com seus bebês-chorões a tiracolo. Onze bebezões achando que a vida é um simples naco de algodão doce.
Mas a vida não é isso não, Maria Izabel. E soa clichê, soa lugar-comum, é clichê, é lugar-comum, mas você sabe, Maria Izabel, que rapadura é doce, mas não é mole, certo? Certo. A rapadura é sempre dura, e pra velhinho ou bebê, provar de seu mel é só...chupando!
É isso, Maria Izabel, lance mão de seu chapéu e diga aos bebezinhos: "chupa cambada. E chupa direitinho se não o titio Robert volta pra pegar vocês". O titio Robert...Um vinte....Um acinte...Uma Cuca sem uruca que cutuca a nuca do santista brazuca que voltou sem nunca ter sido, né Robito? Que bonito! Berrou no jogo igual cabrito.
Canta, Maria Izabel, canta... " Nana, nenês, que o Robert vem pegar, vem ele, vem Armero e o Diego a dançar..." E assim, melzinho na chupeta. Melzinho no pirulito. Um pirulito? Não, moçada, quatro pirulitos dos quais três deles foram presentes do titio Robert e mais um do tio Diego. Quatro pirulitos para adoçar os bebês de Maria Izabel, sem esteira e agora também sem chapéu, oh, céu...Que verde cruel.
E o Vinte continuou vinte, vinte na camisa, mas nesse jogo contra a bebezada santista, abandonou o papel de poste, desistiu de ser cone e promoveu barbúrdia infantil na área das sardinhas mimadas. Robert jogou como um leão, e como leão tirou o doce da boca da imprensinha.
A mídia, apressada e antecipadamente, já tinha o Palmeiras como perdedor, esquecendo-se de que quem morre na véspera é peru, esquecendo-se de que baleia morre na praia, esquecendo-se de que peixe morre pela boca. A boca que muito fala com o próprio espinho se entala.
E já perdido antes de jogar, imagine-se o Palmeiras no primeiro tempo já com dois a zero nas costas? Júbilo total nas cabines, sorrisos caiados nos microfones, letras garrafais já nas impressoras dos jornais... Manchetes prontas. E Robert, primeiro pirulito. E Robert, segundo pirulito. Decretado empate ainda na etapa inicial.
E emudeceram-se as bocarras jactantes. E calaram-se as manchetes flutuantes. O cone já não era cone. O poste já não era poste, o pino de malha já não era vinte, e o Verdão contente cantava pra você, Maria Izabel, que sem esteira e sem chapéu, na Vila mais verdinha do mundo, tirava da rapadura o mel.
E o que não era passou a ser. Um pirulitinho de Diego, um anão de quatro na grama, e outro pirulitaço de Robert completaram o segundo tempo. Tirava-se definitivamente o doce da boca da imprensinha, e empurrava-o docemente na boquinha da bebezada da Maria Izabel. Oh, céu! Que verde cruel!
Vitória de lamber os beiços. Vitória de deixar em versos nossa Maria Izabel ninando as crianças: " Nana, nenês, que o Robert vem pegar...É um vinte, é um poste, mas cada gol nos fez calar..."