Um blog para exaltar o meu Verdão. E não só exaltar, mas também aliar poesia e bola, bola e poesia. E só. Não só. Cornetar também, quando necessário.

quinta-feira, 18 de março de 2010

A elegância de volta ao Verdão...

Não dá para comparar conteúdo, dizer quem é melhor, se este ou aquele. Mas dá gosto ver que a elegância está de volta ao Palmeiras. Passos largos, ombros retos, olhar altivo, cabeça erguida, passes medidos na precisão da balança, leves como pluma flutuante e  com endereços milimétricos atingidos num ciscar de cílios.

Este é um fato. Lincoln é um fato. E ouso afirmar com toda e quase única propriedade o meu destemor em enfrentar retoques de precipitação. Opinar sobre circunstância confirmada é também uma arte desenvolvida por poucos, e é claro que a maioria dessa minoria vai no mínimo torcer o nariz para esta minha afirmação sobre Lincoln, mas não posso deixar de escrever o que me vai pela alma ao ver o meu Verdão jogar.

Lincoln é um fato. Um fato concreto. Mas vão dizer que somos torcedores carentes de ídolos, dispostos a jogar essa responsabilidade no primeiro bom de bola que aparece, que é preciso esperar para ver se o jogador dá liga e assim e por diante. Eu, porém, já tenho o meu veredicto: Lincoln é a volta da elegância ao Verdão.

E no uso dessa metáfora, também me permito dizer que depois de algum tempo, estamos prester a cultuar um novo ídolo, um ídolo diferente dos que já tivemos,  pois Lincoln se apresenta  carregado de características miscigenadas na Europa no que se refere ao desenvolvimento de seu futebol, mas bravamente brasileiro na elegância de produzir o seu trato com a bola.

E não há comparação possível. Não falo de Ademir, nem de Valdívia, Rivaldo ou Djalminha. Falo de um fato. Lincoln é esse fato. Lincoln é esse jogador que vai fazer nossa torcida entrar em estado de catarse, antes, durante e após cada jogo. E não há melhor. E não há pior. Há semelhanças nas diferenças, e igualdade plena na elegância de jogar futebol.

Eu sei, entretanto, que palestrinos embrutecidos pela racionalidade dos números vão dizer que esse jogo em que vencemos o Paysandu por 2 a 1 não nos ofereceu o resultado esperado, e que para ser considerado craque o jogador tem que fazer os resultados que a ocasião requer.

Pode até haver altas doses de razão em considerações desse tipo, mas eu teimo em dizer que mais que resultados é preciso criar uma pintura na partida da mesma maneira com que o artista utiliza o pincel para entregar sua obra, da mesma maneira que o artista usa o cinzel para desbastar sua escultura, da mesma forma que o poeta canta as palavras para dar vida a seus poemas...

E Lincoln é um fato. Lincoln faz isso. Mas o futebol é equipe. Um poema se faz sozinho. Para conseguir um resultado ansiosamente esperado é preciso que todas as peças funcionem adequadamente em sua função. E no Palmeiras, todos sabem, algumas delas ainda  não se encaixam perfeitamente, o que impede por enquanto que nosso time seja considerado uma obra de arte.

E além disso, jogadores jogam. E não são 11 dentro de campo. São 22. Cada um a sua maneira busca construir a própria  história usando os requisitos que possui. Uns com arte, outros nem tanto, e alguns até sem arte alguma, mas todos sem exceção na busca de um objetivo previamente traçado. E convenhamos: destruir é muito mais fácil que construir. E esta é uma afirmação objetiva.

Apenas por esses pequenos detalhes não conseguimos os dois gols de diferença que dispensariam o jogo de volta. E cá pra nós, eu adorei que assim o fosse porque o que eu quero é ver o meu Verdão jogar. E agora ainda  mais, depois que a elegância voltou a vestir o verde de Palestra Itália.
 
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