Um blog para exaltar o meu Verdão. E não só exaltar, mas também aliar poesia e bola, bola e poesia. E só. Não só. Cornetar também, quando necessário.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

E o Palestra se vai, bom retorno, Palestra.

E se vai abaixo o recipiente de muitas glórias. E  se vai,  mas fica impregnado  com a imagem de saudade na retina de todo palestrino. E assim, eterno se faz na memória dos que o cortejaram por décadas como palco de grandes e inesquecíveis emoções.

Até logo, Palestra. E volte de roupa nova, enfeitado com as cores de um novo tempo a se descortinar com muitas novas glórias. Eis que aí fica sua história, de brio, de raça, de genialidade.

Aí ficam os dribles desconcertantes de jogadores ilustres que fizeram desse palco a Arcádia do futebol num "carpe diem" permanente. Aí ficam as tabelinas vicejantes, os tiros indefensáveis de um Tupãzinho, as arrancadas incríveis do Chevrolet, as roubadas de bola do incansável Dudu, os passos largos e a leveza do grande Ademir da Guia, e os cabeceios certeiros de um Leivinha tão artista da bola quanto tantos que o antecederam nas décadas das boas academias...

Aí ficam a galhardia do Jorge Mendonça, a raça do Tonhão, a categoria do Edmundo, os gols marcados por Cézar e Evair... Aí ficam as contribuições de muitos, o ruído da torcida, o hino do Verdão, as frases de incentivo cantadas e decantadas a partir das quentes arquibancadas de nosso bonito e vistoso templo de Parque Antártica.

Aí ficam as lembranças de jogadores de um ontem mais longe e de um ontem mais perto. Aí ficam as lembranças dos jogadores de hoje, desses que abraçam o manto e o servem com honra, e também as desses que não veem cor de camisa.

Tudo isso fica. E tudo isso será soterrado. E tudo isso se perderá em meio aos escombros do nosso Palestra, e quase tudo isso tornará de novo a povoar nossos corações, pois somente as boas lembranças serão reerguidas a partir do novo concreto a solidificar o nosso estádio, o nosso palco das grandes alegrias e demonstrações de amor de parte a parte.

A modernidade cobra tributos altos daquele que tem como ponto forte de comportamento um cultuar de emoções à flor da pele. Mas ela é necessária, pois não se pode fugir das exigências do tempo. No entanto, o verdadeiro modernisno não abandona a tradição, não enterra suas memórias, não passa uma borracha em seu passado de virtuosidades.

Assim, o Palestra se vai abaixo para surgir mais altaneiro que nunca, recauchutado pela ação do moderno, mas também alicerçado pelo brilho dos eventos ali produzidos ao longo de sua história. E ressurgirá vistoso, orgulhoso da torcida que o complementa e dos jogadores que o defendem. Enfim, é a casa do alviverde imponente traçando linhas, evoluindo, trocando formas, mudando de roupa, mas sobretudo continuando a ser o nosso eterno palestra.

Pois se vai a forma, mas fica-se o conteúdo. Vem o futuro, mas carrega em si o melhor do presente e o tudo do passado. Vem o novo, mas leva na outra forma os anseios e os sentimentos imutáveis de cada palestrino embriagado de amor por esse Palmeiras vivo e imortalmente construído. Vem a queda, mas com ela também vem um levantar soberano.

O palestra é o nosso herói. E um herói quando morre é enterrado no chão. E enterrado é semente que sempre germina. E germinando, o herói não morre nunca. E ressurge cada vez mais imponente.

Isso não é tudo. É apenas o começo. O começo de uma trajetória robustecida por sonhos e esperanças da massa palestrina, que requisita um time também novo, que respeite nossa tradição, que saiba colocar nos pés toda a poesia que nosso antigo palestra sempre exigiu,  e que certamente o novo palestra o fará com a mesma contundência.

Vai, Palestra. Volte,  Palestra. Amém.
 
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