Um blog para exaltar o meu Verdão. E não só exaltar, mas também aliar poesia e bola, bola e poesia. E só. Não só. Cornetar também, quando necessário.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A rubrica de um desfecho anunciado

Ser otimista tem um limite. O da lucidez. Mente sã pondera o indizível e diz o possível de se ir. E se vai até a fronteira entre a sanidade e o "non sense" . E com senso, devo admitir que o meu otimismo está manchado de vergonha. Não dá mais para tentar esconder  aquilo que até o Neto em sua passionalidade exagerada já vaticinara: mais alguns jogos e esse time seria rebaixado.

O que acontece com essa equipe do Palmeiras hoje em dia só um bom psicólogo é que pode explicar, e essa não é minha função. No entanto, dá para perceber claramente que o grupo, da forma como ele está disposto dentro do campo, sofre de um terrível complexo de inferioridade. O time entra em campo com medo de perder, e perdendo, perde-se também na tentativa de recuperação.

A equipe não se impõe, repete jogadas de meio campo com distribuição lateral de bolas em toques de sonolência que enervam até o palestrino mais compreensível. O time dorme em campo. Não acelera, os fechamentos faciais das câmeras de TV não flagram nenhuma mudança na expressão dos jogadores, e assim a agonia previsível se estende pelos 90 minutos de tortura em cada jogo.

Não gosto de apontar culpados. Não faz parte da minha forma de ser. Mas agora acho que precisamos urgentemente saber quem assina esse tipo de comportamento do nosso time e que consequentemente avaliza essa diarréia incessante no futebol apresentado. A diretoria? O técnico? Ambos? Os jogadores?

A diretoria.

Primeiro, não se demite treinador em plena efervescência da temporada, exceto motivo de força maior ou ainda a possibilidade concreta de rebaixamento, na tentativa de evitá-lo. Mas essa diretoria  fez isso no ano passado quando mandou Luxemburgo embora, e logo em seguida também descartou o Jorginho. Mais recententemente, já neste campeonato paulista, deu bilhete azul para Muricy.

Segundo, tínhamos quatro atacantes no ofício de centroavante, três foram mandados embora e ficamos com o pior deles, o Robert, que quando joga bem, ficamos com 11 contra 11. Mas como é um poste, um cone, um vinte, na maioria das vezes jogamos com um jogador a menos.

Terceiro, contratamos "reforços"  que não puderam estrear imediatamente, por conta de longo tempo de inatividade anterior ou contusões pouco esclarecidas. E ainda agora, descartamos o único lateral-direito de que díspunhamos, em troca de outro jogador que só pode jogar no Brasileirão.

Por essas e outras, podemos afirmar categoricamente que uma das vertentes que assinam esse desastre verde que estamos acompanhando com pesar neste momento é a diretoria do clube, encabeçada pelo presidente Belluzzo, outrora ícone da esperança, hoje um macambúzio ordenador de destemperos, seus próprios, e de seu parceiro Cipullo.

O técnico.

Não serve para o Palmeiras. Pelo menos agora. É muito inocente em termos de domínio de grupo e faz experiências que beiram invencionices infantis. No jogo desta quarta, em que perdemos para o "brilhante e vistoso" Paulista de Jundiaí, colocou o garoto Gabriel Silva numa tremenda fogueira ao lançá-lo no lado direito das laterais. O jogador é lateral-esquerdo de orígem e da posição em que foi escalado é que surgiram os três gols que nos "presentearam" com mais uma derrota acachapante, a exemplo do que já ocorrera com  São Caetano, André, Ponte Preta, Rio Claro e assim por diante. 

Não creio que Antonio Carlos, grande zagueiro de outros tempos do Verdão, seja demitido agora, mas não aguentará um insucesso contra o Atlético Paranaense na próxima quarta-feira pela Copa do Brasil. É a corda mais fraca nesse novelo de incoerências que amarram qualquer possibilidade imediata de redenção do clube.

Os jogadores.

Sim, claro. Estes também assinam o desfecho melancólico da equipe no campeonato paulista. E assinam bem assinado, porque afinal é dentro de campo que se resolve tudo. Qualquer crise interna, qualquer desentendimento, qualquer rusga que se manifeste, tudo isso seria sanado com resultados positivos nos jogos. E esses jogadores não tiveram a capacidade de virar a história. Não foram competentes para driblar os adversários dentro de campo e nem os revezes fora dele. Sucumbiram frente a equipes infinitamente inferiores e sem explicação plausível para tais vexames.

Pois é. O desfecho negativo para o Palmeiras  foi previamente anunciado. E até aquele hilário Neto acertou nos seus delírios apaixonados de gambá com raposa ao se referir ao nosso time. Na verdade, não foi um acerto do Neto, mas um seu desejo realizado, que só não o deixou tão feliz porque  veio desacompanhado da realização de sua outra aspiração. Por linhas tortas, o castigo. Corinthians também eliminado. E no frigir dos ovos, 11º lugar ou 5º, é tudo o mesmo produto, com algumas moscas voejando sorridentes em volta.
 
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