Um blog para exaltar o meu Verdão. E não só exaltar, mas também aliar poesia e bola, bola e poesia. E só. Não só. Cornetar também, quando necessário.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Mel e fel na casa da mãe Belunga...

Fase dura essa do Palmeiras. Não passa. Segundos parecem horas, e horas, meses. E a desproporção entre o que se quer e o que se tem também não sai do lugar. Tudo estático na negatividade, tudo morno nas entrelinhas do inútil, embasbacado pelas reverberações de uma odisséia que apresenta um Ulisses perdido em meio ao labirinto que deveria ser de Hércules.

Palavras esvoaçam de boca em boca em lábios turvos  de dizer não sei o quê. Murmúrios breves de contornos solidamente entredentes, em xingamentos tão supérfluos quanto a própria precisão da balança do destino. E cada um emite o seu gingado. E esse gingado não tem medida, não dá para calcular em peso, não dá para calcular em tamanho, não dá para calcular em moeda.

É assim o Palmeiras hoje. Os cardeais não se entendem, e a bússola que os serve emperrou como o próprio futebol apresentado pelo time. E a oscilação continua. Uma vitória contra o Grêmio, derrota para o São Paulo, empate contra o genérico de Prudente. Profissional contratado de manhã, e mandado embora à tarde. É a casa da mãe belunga...Tudo igual na igualdade irritante da incompetência diagnosticada.

Com tudo isso, ao torcedor, repito sempre, cabe torcer. Quando muito dar uma cornetadinha de correção de rota na hora do jogo, e denunciar os erros que seguidamente impedem que se torça com mais coração, pois torcedor que apoia torce com o coração, e o que desarticula torce com o fígado, e quem torce com o fígado fere com fel os contornos das possibilidades de transformação.

Colher o verde da nossa esperança é muito mais dificil que colher a rosa das rosas. Nestas, o único risco é ferir-se com os espinhos; porém naquela os espinhos são as adagas afiadas dos que lutam contra as adversidades permanentemente. Ser palmeirense não é ser um torcedor qualquer. Ser palmeirense é muito mais que padecer no próprio paraíso. Ser palmeirense às vezes é beber o fel que o outro destila numa tabelinha que busca crescer e não quedar-se morto.

E palmeirense tanto é aquele que torce com o fígado quanto o outro que usa o coração para expressar sua paixão. E em meio a isso, aqueles que se propuseram a intermediar essa relação. Os dirigentes. Os cartolas. Que na verdade precisam apenas de ser mais transparentes, de não ludibriar essa torcida, de não enganar aqueles que esperam apenas uma palavra séria para também se colocarem a campo na defesa do clube.

Mas o que ocorre hoje é uma ironia direta, jornalistas sorridentes apontando o inferno palmeirense, contentes com tal situação e nos colocando a pecha de pequenos. E os nossos dirigentes quietos, em silêncio, sem palavras para nos oferecer como argumento contra essas disseminações de impropérios que nos corta pedaços de alma, e nós aqui, vivenciando as especulações e esperando que elas se concretizem

Um dia é Kleber, noutro Felipão, e ainda Valdívia. Em seguida, já não há mais nada. Passa um dia, passa uma semana, e lá vem Kleber, lá vem Valdívia, lá vem Felipão.

Chega disso, catzo.

É muito melhor falar claro, dizer que não há dinheiro, que não vai dar para  camprar mais nenhum jogador e pronto. Ficaremos tristes? Sim. Mais do que já estamos? Não. Bola pra frente, sobem-se os garotos da base, seguramos os melhores que temos hoje, damos-lhes oportunidade de jogar bem, e busquemos apenas não cair.

Porém não dá mais para ficar alimentando falsas esperanças. Não nos façam acreditar num gigantismo que já não temos. Todos juntos, no apoio, na precisão do apoio, sabemos que cornetar não é preciso, cornetar não se mede, cornetar é quase sempre resultado da ação do fígado.

Melhor deixar fluir a ação do coração.


3 Comentários:

Anônimo disse...

"SER PALMEIRENSE NÃO É SER UM TORCEDOR QUALQUER".
PARABENS PELO TEXTO.
DISSE TUDO.
ABRAÇOS.

ROBERTO

Nosso Transporte SP disse...

E a cada novo texto....mais algumas das milhares traduções do que é ser Palmeirense...do que é ter PALMEIRAS no coração.Mas um ótimo texto e pensamentos do Mestre Verde.Parabéns Nelsão..

[SEP] Cés@r disse...

Mais uma vex excelente texto!
Consciente e, como sempre, muito lúcido.

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